MÉDIO EM RISTE

NICOLE EISENMAN


Estava cá com meus botões a pensar nas coisas que se sucedem minuto após minuto; no dia de hoje; no dia de ontem; nas qualidades das coisas e pessoas que me cercam; naquilo que conduzo e sou conduzido...

Alguma coisa não está correta. Algo parece me escapar porque não entra na cabeça: onde diabos reside o valor de uma pessoa?

Estamos diante de valores intrínsecos ou extrínsecos?! – Perguntava-me incessantemente.

Se intrínseco quem determinará o valor senão a própria fonte provedora. Neste caso, cada indivíduo carrega uma quantidade de valor em si mesmo, de forma que o livre arbítrio das ações e omissões que configuram a existência de si é suficiente para atribuir os parâmetros do melhor, maior ou menor valor carregado consigo.

Não me pareceu a ideia mais acertada.

Se extrínseco quem mensurará o valor senão o outro. Será, portanto, a razão de uma equação de vários elementos diferentes e reunidos que segundo uma concepção massificada e contemporânea atribuirá forma e importância a detalhes, qualificando e quantificando às pessoas que por sua vez, buscarão esses mesmos paradigmas e estigmas como entendimento do seu próprio valor individual.

Não me pareceu a ideia mais acertada.

Talvez o meio termo entre as duas coisas. Isto me parece adequado.

Perguntei-me, então:

Será o valor de uma pessoa medido pelo caráter que tem?

Será o valor de uma pessoa medido pela inteligência que tem?

Será o valor de uma pessoa medido pelo dinheiro que tem?

Será o valor de uma pessoa medido pelo Poder que tem?

Será o valor de uma pessoa medido pelo que cria ou pelo que destrói?

Será o valor de uma pessoa criação ou incriação?

Finalmente, me perguntei:

- O que é uma pessoa?

Há lugar algum cheguei, porque a resposta a mim não pertence, nem pertence a você, nem a ninguém. Porque pessoa não se define, nem se mede.

Resumidamente poderíamos dizer que:

O indivíduo é o que aparenta, na sua personalidade formidável, de caráter incontestável, ilibada reputação, de notória sabedoria e inteligência, sólido na sua rica intimidade, compraz facilmente uma resposta adequada, em tudo aquilo que produz, tem capacidade de construir, força para comprar, vocação de liderar, Poder para mandar ou mandar buscar, bondoso e caridoso, com patente ou certificado oficial de salto mortal reverso, permanecendo em pé sem cair nem se esborrachar no chão ou ser ligeiro o suficiente para não passar vexame. Um sujeito feliz, que todo dia acorda para abraçar a vida e por ela ser aceito e valorizado.

Também não poderia deixar de dizer que:

O indivíduo é alguma coisa muito longe do razoável, uma aflição, o medo, um acaso, um ser desprezível com maldade infinita no coração, desajeitado e inepto faz quase tudo muito errado, medíocre, invejoso, cheio de falhas quase sempre aponta o dedo na sua cara e diz que está errado, ignorante, perverso, preguiçoso vive da indulgencia alheia. Um sujeito feliz, que todo dia acorda para abraçar a vida e por ela ser aceito e valorizado.

Sendo assim, pensei: sabe de uma coisa...

...Vou endurecer o dedo do meio para com esmero, agilidade e habilidade trabalhar ele dentro do seu corpo...

...Pra te fazer gozar a vida.