ANDY WARHOL
Desde muito cedo, ainda que não saibamos nada do mundo ela se faz presente, pois é intrínseca ao nosso corpo. É a única ponte possível entre a sensação e o sentido.
Estou me referindo a comunicação. não há uma forma específica de comunicação, mas naquela manifestação do homem expressar a concretude da sua existência através de algum tipo e manifestação física.
Todos
intuem, mas a maioria não sabe. Exerce, porém não tem a dimensão do seu alcance e importância.
Atrevo-me a dizer que é tão substancial, ao ponto de construir ou desconstruir quem e o quê somos.
A
raça humana floresceu ao longo do tempo, e assim continua, precisamente por ela existir em um nível complexo de percepção.
A comunicação é multifacetada, com várias formas e estados.
O
princípio natural dos instintos é preservar-se neste mundo inóspito. A ordem é
sobreviver. Todas as espécies vivas se utilizam do mecanismo adaptativo da comunicação para levar a cabo esta empreitada. Mas,
apenas a nossa elaborou intricados e complexos silogismos.
O
desenvolvimento do homem se dá na mesma proporção em que a semântica altera,
evolui. Não é o mundo que muda, mas a forma como entendemos e nos comunicamos com o mundo.
O
princípio do homem, e também o fim dele, é o significado e o significante capaz
de produzir.
Vivemos
um momento de excesso e ausência da mensagem e dos signos. Justamente este dualismo dicotômico entre o valor e a falta do valor naquilo que é transmitido, traz a esta geração um grande salto na forma de se comunicar.
A
comunicação produz na sociedade humana um crescimento perpétuo, principalmente por trazer a baila a discussão dos defeitos da coexistência ou os defeitos da comunicação.
Nossa
comunicação não se restringe as palavras concatenadas, as quais são, em grande
parte, responsáveis pelo desenvolvimento pessoal e coletivo.
Nossa
comunicação vai além. Atinge o abstrato, fato que nos carrega ao pensamento do
Divino.
E
do divino-abstrato produzimos toda forma de manifestação: artística ou não;
pacifista ou violenta.
Engendramos
esquemas e formas de comunicar-mo-nos, muitas vezes incompletos, de maneira que o defeito do raciocínio e a quebra na linha da pura expressão gera atrito.
Nossas
ações devem pormenorizadamente refletir uma comunicação coesa, mas se a manifestação encavala a expressão, vira defeito, que imediatamente será rechaçada como não permitida.
Ainda
que de fato exista uma natural comunicação, ela pode não ser aceita. Porque aceito é
tudo aquilo que se comunica em uma estratificação definida.
O
instinto puro e suas formas de comunicação restringem-se aos animais, ainda que sejamos um, ainda que não
consigamos fugir disto.
Os
animais se comunicam, mas não na mesma divindade que nós.
Por
isso, e com razão, somos superiores. Por isso, e com razão, construímos um Deus
a nossa forma e semelhança.
A
comunicação nos leva a lugares surpreendentes; nos torna os senhores do
mundo; faz com que edifiquemos inacreditáveis obras.
Mas
não é capaz de desvendar o interior de um indivíduo. Quando esse mesmo indivíduo se cala, se transforma na maior incógnita do Universo.
Dois indivíduos calados em um mesmo recinto é uma comunicação imanente, a expressão mais próxima do divino.
O aniversário, para mim, tem esse significado: comunicar ao mundo mais um lapso de existência.
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