SESSÃO NOSTALGIA: METRÓPOLE

CHRISTIAN HOPKINS


Poesia escrita em 20/07/2013

A esquina é uma ratazana que espreita,
Sobre o buraco do asfalto,
Dentro da sua bocarra,
Enterrado destituído de simulacro,
Soterrado num monte de papelão movediço,
De areia encardida aquele naco do pé evidencia,
O ser abandonado, estropiado.
O frio corre sobre o dorso,
Encolhido como num ninho,
Entrando na fresta de farrapo do cobertor velho,
Para se aninhar no corpo embriagado,
Ziguezagueando freneticamente,
Com suas muitas pernas cortantes de centopéia,
O frio se procria, infesta.
Sobre a marquise,
O silêncio conspira com o totem de neon,
Num cochicho de conversa de zunido,
Em violeta rosa cintilante,
Atacam em lampejos o individuo,
Que sem força, nem ação ou reação,
Parece não mais se importar.