FELIZES SÃO OS APÁTICOS


O medo é a dádiva
É o que nos mantem vivos, crédulos
É a repugnante forma de preservar a coragem
Dar o próximo passo
Sob a prudência da covardia
Ter a coragem de encarar todo dia
A loucura do dia a dia.

O medo é a única forma
Pela qual conhecemos a vida
Intrínseca substancia
Que nos aproxima
De um aviltante Deus que com sua sabedoria
Nos concedeu contumaz covardia
Para viver temendo e preservando a vida.

Mas, de todo temor nasce dor, raiva, ódio
E quando a frágil coragem implode
Nasce ânsia em quebrar os limites do acovardamento
Tornando-nos violentos
Cuja fúria desmedida eclode.

Porque diante do medo reagimos animalescamente
Atacamos ferozes tudo que tememos
Perto de nós nada ficará intacto
Porque a idealização da coragem
Concebe em nossas medrosas mentes
O destino de quem deve viver
Quem deve morrer.

 Numa guerra instintiva em sobreviver
Lutamos contra o medo
Atacando tudo que desiquilibra nossa coragem
Assim, vivemos o constante receio
Em não morrer de medo
Ou pelo medo
Falhar a coragem.