ALFREDO VOLPI
A
cidade tem seu gosto
Um
sabor palatável
Um
gesto imprevisível
A
beleza imensurável
Do
peso das suas massas
Dos
vergalhões das suas entranhas
Da
infestada vida dos seus esgotos.
A
cidade é o grito
As
enfermidades do povo
A vida
do caos
A
solução para todo o mal
Reunião
de muitos artifícios
Que
espreitam no orifício
No
olho mágico da porta
Da
cautela que se esgueira
Sob
chumbo, ferro armado
Cimento
compactado
Estruturas
sobre estruturas
Sufocando
tantas outras estruturas
A
cidade também é silêncio e a calmaria do grilo.
A
cidade não é nada
Nada
além do humano coletivo
Que
levanta impérios
Inventa
mistérios
Desvenda
a inquirição para quase tudo.
A
cidade nada é senão o homem
Que
come o próprio homem
Que é
caçador de si
Que em
si
Se
reserva
Como
uma nativa ilha perdida
No
distante e isolado oceano.
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