QUESTÃO DE HORAS

DAVID UZOCHUKWU


Quando a luz reflete a sombra das cortinas balançando
Não sei se são as paredes se escondendo
Ou são só tecidos dançando
Ou nem um nem outro, somente é a noite gemendo.

Sobre a mesa se esparrama água do copo derrubado
Sobre o chão pinga gotas sucessivas
Amiúde se rarefaz o volume desaguado
Por entre meus dedos fluidas correm evasivas.

E nada pode parar
Os ventos que sopram entre as frestas
As portas chiando entreabertas
A eletricidade cingindo a noite que tende a se calar.

Os ânimos ainda que dormentes
Num salto despertam
Pulmões ar não mais liberam
Respiração contida suficientemente
Aguarda aflita aquela noite terminar
Quando da certeza de você em casa adentrar.