ROMERO BRITTO
Quando
foi mesmo que deixei minha vida em suas mãos!?
Ultimamente
tem me ocorrido lapsos de memória
Um
branco total
Mas,
me lembro bem daquele dia que você meteu a mão bem dentro do meu coração e
amassou com vontade...
Ainda
sinto como se fosse hoje: um aperto tão doído que me dá pontada.
Entretanto,
o tempo é o senhor de todas as curas
Não
lembro mais qual foi a última vez
Sei
que criei uma casca, uma grossa e impenetrável casca
Uma
casca parecida com armadura, se é que não é
Tá
certo que não é de grafeno
Mas
feita daquela malha fria, que não guarda calor, não troca energia
É
tipo arame farpado
Só
incomoda quando chega muito perto
Só
que tem gente que não se emenda
Tenta,
porque tenta regaçar o arame
Joga
água, vem com tesoura, chuta, bate com pau
O
arame balança, dá aquela zuada, mas não arrebenta
Ai
fica do outro lado da cerca papeando sem parar
Uma
conversa furada, tocando fogo na lenha, falando mal até pelos cotovelos
Quando
foi mesmo que deixei minha vida em suas mãos!?
Ultimamente
tem me ocorrido lapsos de memória
Um
branco total
E
me pego gostando tanto de você
Sentindo
falta da sua presença
Nossos
momentos prazerosos
Momentos
aquele que dá vontade de gritar bem alto
VA
O MUNDO TODO SE FUDER
Tudo
isso somente por você.
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