CARMELA GROSS
“...O dinheiro não é
nada no Mundo, a não ser na cabeça dos boçais...” – Friedrich Facasa
Quando
li esta frase fiquei um tanto quanto atordoado, pensando o que realmente
poderia representar.
Pensei
nas muitas implicações conflitantes entre a matéria e o espírito tão comumente discutida por todos aqueles que comprazem em desejo e sentido na caixa da consciência humana, imprimindo o teor religioso, mote principal dos discursos, crenças,
impressões absolutas sobre o Ser Divino e o ser material, entre a alma e a carne.
Que
absurdo poderá fazer esta frase algum sentido diante de toda realidade marxista,
capitalista, crista, budista, enfim, toda forma de pensamento e ideologias próprias da sociedade legalmente e ilegalmente constituída,
onde o DINHEIRO é razão para toda dinâmica e convivência das castas, hierarquias sociais e filosofias transcendentais.
Que
serão das realidades formais, dos meandros sociais, suas instituições,
seus castelos, seus desejos, suas verdades absolutas, suas cidades, a ciência,
a arte, sua cura, seu vício, seus medos, seus heróis, suas criações, se não fosse a moeda. Única responsável pela possibilidade da
implementação e materialização de todas as coisas na medida exata da capacidade com que o dinheiro
pode comprar, oferecer, criar.
Quanto
absurda pode ser a ideia de isenção do dinheiro, entendendo ser ele nefasto e
dispensável?
Se
é ele o único objeto imbuído de capacidade para prover o que tudo e até agora a
sociedade humana conseguiu.
Desde
os primórdios das civilizações algum tipo de mercantilismo, no qual algum tipo
de moeda de troca existia, tornando possível acontecer as coisas, possibilitando o ser humano caminhar em sua jornada com progresso a olhos vistos, ao longo dos milhões
de anos que nos precede e que agora testemunhamos. Avanços baseados essencialmente na economia.
Não
há que se negar o poder e importância do dinheiro dentro do desenvolvimento e
sustentabilidade humana.
O
dinheiro sempre tomou formas diversas, sejam elas um colar, um dente, um
escambo, uma pedra, um amuleto, uma peça, um alimento, uma coisa qualquer
parecida com vil metal, uma nota, um valor real para entre os seres humanos
criar laços, materializar o desejável, ligar a sociedade em trocas mensuráveis.
Como
pode o dinheiro não ser o Mundo?!
Foi
quando entendi: não ser o dinheiro o início, mas realidade posterior ao precedente pensamento...
...ser
ele um meio, uma forma, que ainda não existisse continuaria o pensamento existir incondicionalmente...
...que
nada dele se origina, do pensamento surge tudo, também o dinheiro e suas
relações.
A
partir do momento que o dinheiro se torna maior que o pensamento, aí sim, neste momento, transformar-se-á
boçal.
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