LOUISE BOURGEOIS
Se
existe algo no Mundo que pode condensar e explicar o ser humano, isto é a
saúde.
A
saúde é o principio e o fim de todo ser vivo. Por isso, a medicina entre todas
as ciências humanas indubitavelmente representa a única capaz de conduzir, verter, reverter,
embasar a existência.
Todas
as outras ciências são acessórias. Medicina é a principal. Porque representa a
realidade idealizada da existência ao mesmo tempo que mantém realmente essa
existência viva, na forma idealizada da existência.
A
medicina sempre lidou com a dualidade matéria-energia, conhece a física
quântica antes do próprio átomo, porque conhece a vida na sua morte, efêmera e
eterna existência.
A
saúde é a única verdadeira prerrogativa humana capaz de nos situar numa
realidade inescapável e incompreensível.
Oque
existe de real, existe na medicina.
O
ser humano, independentemente da condição econômica, social, cultural, entende
pertencer a uma mesma classe quando se percebe doente.
Todas
as diferenças se diluem, qualquer tipo de vã filosofia egocêntrica simplesmente
acaba, porque remete a espécie ao nível que tudo acontece: frágil e
precariamente.
A
preservação ou manutenção da saúde é a única possibilidade desse pensamento
continuar e de todos os pensamentos do Mundo seguirem explicando o quanto
misterioso é a vida e o quanto vulneráveis são nossos corpos.
Ao
tempo em que, esses mesmos corpos, persistem ao longo dos anos, milhões e
pequenos tempos frente a concepção do próprio tempo infinito.
Mas
é ela: a medicina. A tentativa última de não deixar a coisa acabar, de querer
conhecer, o quê jamais se conhecerá.
Porque
ainda que vivamos séculos a fio, outros tantos anos a fio se passarão com
dúvidas de plena vivência.
Mas
sempre será ela a responsável. Sempre será a medicina o meio capaz de
conhecermos o não conhecido.
Por
isso é a medicina: “O céu e o inferno de todos nós”.
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