ABRUPTO




O dia em que todas, absolutamente todas
Estiverem reunidas
Para cada qual doei amor
Quando todas sobre a mesa chorarem
Estarei eu: morto.

Morto de vontade comê-las
Porque tais bifes fatiados
De carne de primeira
Cozidas no carvão fumegante
É saborosa demais.

O dia em que não haver a carne
É porque não posso mastigar
Dentes flácidos já não poupam mais
Vergonha em mordiscar
E quase sem mira acertar no centro
Sem jamais alcançar.

Do pensamento sairá todas as coisas prontas
Para brotar a dúvida na mente
Oscilar entre eu, a gente, esse mundo todo.

Quando a hora chega
De repente, chega
Chega para dizer que você não está preparado.