O CACHORRO VAGABUNDO

CASSIUS MARCELLUS COOLIDGE

Um dia o sábio sonhou que era uma borboleta e quando acordou se perguntou: Será que sou uma borboleta sonhando ser homem?

Neste diapasão a existência se resume, se é que a existência possa admitir a qualidade de resumir-se em qualquer coisa que se possa imaginar, pois existir nada mais é do que persistir na condição impalpável das matérias calculadamente sólidas num substrato inexistente, amalgamado no tempo espaço criado a partir do incriado, na vertente real imaculada da nefasta inexistência imanente das partículas que energeticamente podem ser matéria ou devem nem ser isso, porque todas as observações, teorias, conclusões não passam de meras especulações esmaecidas no distante ponto perdido no espaço que nos remete a imensa dimensão de todas as coisas e a insignificância de nós mesmos, resgatados pela percepção, visão, paladar, tato, audição, emoção atual e inexorável da nossa pura permanência real, nesse mundo concreto, formado por partículas tão imensuravelmente pequenas que toda lei da física se torna incongruente diante absurda materialidade como nossos corpos íntimos se comportam dentro do espectro infinito das decisões aleatórias e imateriais de um único corpo absorto na invisibilidade e individualidade dos mistérios inteligíveis e pensantes do raciocínio primário de quem acredita entender perfeitamente a máquina do mundo, sobre um aspecto crível da veracidade composta de incertezas aviltantes do que a mera expectativa delirante do não-saber compõem a crença absoluta na verdade insofismável de que o mundo é a representação perfeita deste momento que se rege por leis implacáveis, que caminha pendente por explicações contingentes de se falar que até então houve na sua emoção: o perdão, de simplesmente não entender o quanto devemos prece para aquele que em clamor gritaremos o nome, ainda que seu rosto seja desconhecido, sua fala inaudível, seu cheiro inodoro, sua pele impalpável, nem nada, apenas Ele: o Ser que anda entre comparsas vira-latas.