O MOTOQUEIRO FANTASMA

A ONDA
Jussara Nunes de Oliveira

Em um espetacular domingo ensolarado testemunhamos, mais uma vez, a insana reunião sectária dos defensores da força bruta em detrimento da razão.

Em meio a pandemia que assola o planeta, cuja doença estamos conhecendo, pressupondo através de dados científicos a possibilidade de uma terceira onda mais letal, em função da cepa indiana variante, nosso Presidente da República resolve dar uma voltinha de moto.

Qualquer pessoa que fosse já deveria receber uma reprimenda, pelo fato de estarmos vivendo dias inapropriados para tais reuniões, entretanto estamos nos referindo ao representante máximo da Nação.

O mais incompreensível esdruxulo impacto é constatar a quantidade de pessoas que se dispuseram em acordar cedo, cuidadosamente se paramentar com as roupas, cores e símbolos da horda, se deslocar ao local combinado, obrigando a máquina do Estado, nos níveis municipal, estadual e federal, dispenderem sua estrutura e servidores, para o Mito Jair Messias Bolsonaro, no alto de um caminhão discursar por no máximo vinte minutos sobre inutilidades, no jargão militar: “conteúdo zero”.

Da pena de ver um Presidente da República tão estéril intelectualmente, impotente na cognição, fraco nas palavras, covarde no enfrentamento e planejamento das suas obrigações.

O Presidente da República fez o show, mas na hora de propor um caminho, uma solução para as agruras gritantes que o povo brasileiro sofre, se restringiu em dar um sorrisinho amarelo, inventando provérbios bíblicos, atacando quem quer trabalhar seriamente e vociferando seu débil grito de guerra: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

Infelizmente seus apoiadores entendem suficiente essa encenação grotesca e sem eficácia, talvez seja por isso que vemos neste grupo um desfile de homens e mulheres exaltando os músculos, as armas, a força, a vontade de exterminar o oposto, sem respeitar milhares de séculos de evolução que nos afastou da ignorância.

Para este grupo, pensar é difícil, mais fácil é seguir uma fantasia, uma idolatria da imagem forte diante da “insustentável leveza humana”.

Nesta toada, a morte se faz presente e o Brasil regride.