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A ÁRVORE Jussara Nunes de Oliveira |
A
frase “só sei que nada sei”, conhecida como paradoxo socrático, cai bem nos
dias de hoje.
A
complexidade filosófica desta frase permanece atualíssima, em todas suas camadas
e interpretações fáticas e subjetivas do mundo atual. A
Sra. Ciência, que ao longo dos séculos amadureceu, oferecendo-nos as comodidades,
facilidades e prazeres da vida moderna, é a mesma velha senhora alvo de repugnância,
desdenho e descrença. Isto porque boa parte do ser humano crente na frase “só
sei que nada sei”, diante de uma novidade viral é capaz de esquecer tudo que
aprendeu para transformar-se num completo ignorante. Quando
a renegação aos conhecimentos científicos parte de pessoas leigas é compreensível,
pois a falta de familiarização com o método cartesiano leva as pessoas
acreditarem em qualquer falácia ou excrescência. Mas,
quando o desprezo aos conhecimentos científicos consolidados parte de um
erudito ou diplomado, aí a coisa fica feia, pois de duas, uma: a pessoa age de
má-fé, para alcançar interesses escusos ou age de boa-fé, significando que
embora letrada não tem conhecimento, fato que revela o lado obscuro, o fiasco
da comunidade acadêmica. Vivemos
em um mundo cheio de conectividade e informação, porém sem conhecimento tais
ferramentas nada significam. Boa parte da população infelizmente possui acesso
a rede de informação, mas sem conhecimento, de maneira que se torna presa fácil
dos manipuladores digitais inescrupulosos. A
outra camada do “só sei que nada sei” refere-se ao próprio processo científico,
no qual aberta em si própria tem como princípio jamais conceber o conhecimento
finalizado, apenas concluir uma hipótese enquanto outra não venha a substitui-la. Faz
parte da investigação científica sempre estar conhecendo, a partir de novos
dados e observações, que não necessariamente destrói o conhecimento anterior,
mas o complementa ao ponto de se alcançar níveis avançados sobre a matéria
estudada. Temos
ainda, a outra camada do “só sei que nada sei”, na perspectiva de se buscar a
qualquer custo esperança para vencer a hipocrisia ou desalento. Pessoas
que vivem crise de desilusão, seja por hipocrisia de seus sentimentos ou
ansiedade pelas questões existenciais, normalmente tendem a acreditar nas
coisas mais absurdas, porém messiânicas, capazes de oferecer alento ou
salvação. Só
sei que vivemos tempos difíceis e de grandes mudanças, sendo que nada sei qual
resultado alcançaremos. |