UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL

IBERÊ CAMARGO


Dois dias após os resultados nas urnas, o Presidente Jair Messias Bolsonaro se manifesta quanto a eleição de 2022.

Apesar de todas as barbaridades vociferadas pelo Presidente jamais poderemos negar que sempre foi condizente com sua personalidade abjeta, considerado por seus asseclas como pessoa “autêntica”. Afinal, desde sua campanha eleitoral de 2018 sempre foi verdadeiro nas suas falas e convicções, declarando abertamente a doutrina segregacionista, intolerante e autoritária.

Na recente manifestação pós certame eleitoral não foi diferente, entretanto penso ter sido reacendida a chama da pira democrática, justamente pelo atleta menos treinado nesta modalidade.

De acordo com o breve discurso presidencial, importantes pontos democráticos ficaram patentes.

Primeiro, admitiu a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, ainda que repugnando os adversários, os quais considera injustos, iníquos.

Segundo, em respeito à liberdade de expressão incentivou as manifestações de desagrado ao resultado, mas de forma ordeira. Consagrou o direito constitucional de ir e vir, com respeito a propriedade privada e incolumidade do patrimônio público.

Terceiro, deixou claro que joga “dentro das quatro linhas da constituição”, sugerindo que oposição dessa “nova direita” deverá ocorrer dentro do sistema político democrático, por meio do Congresso Nacional e Entes federados, fazendo alusão aos deputados, senadores e governadores dessa doutrina esquisita que denominei "neonacionalismo-teocrático".

No final me pareceu um discurso coeso com sua militância ideológica, mas com bastante respeito ao sistema político democrático vigente.

Há depender dessa “nova direita” ficou claro que o Presidente Lula não terá um minuto de paz para governar, será alvo incansável de críticas e relutâncias, porém isso faz parte do jogo inerente a arte da política.

Caso o Bolsonaro siga a cartilha do seu discurso a democracia estará a salvo, pois nada mais salutar e benéfico que uma oposição ativa, fazendo do processo decisório na condução da nação um exercício de teses e antíteses capazes de se alcançar um resultado bom para a coletividade.

Espero que seus correligionários e seguidores entendam a mensagem de "perdemos uma batalha, mas não a guerra" pela ótica da briga no tatame da política democrática. 

O Lula vai ter muito trabalho pela frente, e nunca antes na história deste país deverá apresentar resultados contundentemente positivos.