Primeiro veio aquela sensação do eu mesmo,
Sim, aquilo que é tanto meu que senti na pele,
Na pele é pouco, senti nas entranhas da minha’alma,
Que coisa
esquisita. Parece não me pertencer, logo, não é meu,
É do
outro,
Esse foi o primeiro encontro com o outro,
Assim as coisas se misturam, vagarosamente,
Intensa sensação parece não ser só minha,
É minha, mas também fruto do outro, que ao meu páreo, certamente está a me provocar.
Como
provoca.
E não
só uma vez, mas muitas vezes. Diariamente.
Então
dei conta que não era apenas eu, mas também o outro ao meu lado.
A vida é inevitavelmente o outro,
Ainda que esteja sozinho, em pensamentos solitários,
E o outro que faz parte, integra o cenário,
Estou sempre cercado de pessoas, mesmo que seja dentro do meu eu.
Tanto
como mim elas estão se cercando, azucrinando, explodindo a paciência.
Pensei: como interagir sem explodir o tampão do cerebelo.
Dei conta que interagir me destruía, o melhor
a fazer era resistir.
Se instalou
a contraposição, se formou a beligerância gratuita, oposição natural do imã.
Neste momento passamos todos a apontar, criar os defeitos, julgar maliciosamente,
Para
escapar das próprias armadilhas o melhor é empurrar o "boi de piranha",
Fazemos
da paz à Guerra. E da Guerra a paz.
Como combatentes incansáveis,
Vorazes tentamos transformar o outro na mais baixa esfera,
No degrau inferior, para nada eu ter que reclamar comigo mesmo.
Nesta questão tão particular se constroem monumentos,
Se dividem nações, se estabelecem guerras, se faz a Divisão,
Neste pensamento fomos todos expulsos do
Paraiso.
Mas Tudo onipresente.
O chão em que piso, o ar que respiro,
Qualquer fugaz
pensamento que nem insisto,
Mas que passa, flui, impreterível,
A cama
que durmo, o sol quando acordo, o dissabor que nunca passa,
A felicidade
que acontece, o sorriso que se desfaz, o comercial atraente, a notícia que
vejo,
O
mundo que se desvenda incógnito,
As faces deste Mundo,
Se alinhando e se alimentando da minha atitude de existir,
Acreditar
que trazemos todas as respostas,
E quando
nos damos conta de Tudo, percebemos quanto tempo perdemos,
Mas,
no final, não perdemos, porque jamais isso acontecerá,
Nasce
então o entendimento,
De Nada dissociar,
Tudo conectado.
Somos
a razão de vários em um sentido,
Somos
Tudo e Nada
Somos a discrepância da união,
Somos qualquer coisa em conjunto que fantasiamos
individual,
Somos
a desunião dentro do Todo
Somos
a separação da unidade
Somos
os extremos quando lado algum existe,
Somos
um pensamento dentro de um zilhão,
Somos
a crença e a razão que o Nada
Existe sempre dentro de nós todos.
TUDO
EXISTE DENTRO DE VOCE
E
CADA UM CONHECE O OUTRO COMO A SI MESMO
Porque
cada qual é em si próprio o outro,
Tudo
responde a si mesmo, porque deus é um só
E naqueles
momentos que parece não existir mais ninguém, existe você.
Eu existo
porque você existe, então vamos dar as mãos e caminhar.
Vamos
transpor ruas, avenidas
Escalar
montanhas, chorar juntos
Vamos
desistir e ter a força de continuar
Vamos
voltar e de mãos juntas caminhar para frente
Venha
não tenha medo
Estamos
juntos para o que der e vier
Sempre
será eu, você
Sempre
será nós a desbravar esse caminho
O Único...