A CELEUMA DA DIREITA E ESQUERDA

 

WALDEMAR CORDEIRO



A cada época uma palavra vira moda e cola como chiclete no pensamento das pessoas. A palavra da atualidade é “POLARIZAÇÃO”.


Polarização, substantivo feminino, significa: 1. ação de polarizar ou estado daí resultante; 2. concentração em extremos opostos (de grupos, interesses, atividades etc. antes alinhados entre si) – definição dada pelo dicionário de Oxford.


Prefiro entender polarização como o definido no quarto princípio hermético: “Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis”.


O fato é que essa atual palavra é expressão viva do mundo contemporâneo, onde pessoas apegadas a fervorosas teses tentam defender com “unhas e dentes” uma verdade.


Sim, com unhas afiadas de animais acuados e dentes ferozes de animais com medo.


Pessoas divididas em blocos irracionais são tomadas por angústia, ansiedade, desiquilíbrio, colocando-se de um lado ou de outro na tentativa de encontrarem a resposta.


Entretanto, o Três Vezes Grande já orientava: ...todos os paradoxos podem ser reconciliáveis...basta apaziguarmos o ego e voltarmos ao espírito.


Enorme celeuma surgiu em torno da fala do Lula, cuja interpretação dos mais apressados diz ter comparado o massacre na faixa de gaza ao holocausto.


Entendo que o Presidente Lula, com a sabedoria da idade e experiencia de tudo que viveu até hoje, fez uma análise imparcial, com reflexão verdadeira sobre a guerra entre Israel e Palestina.


De maneira bastante resumida sabemos que após a II Guerra Mundial a ONU decidiu conceder aos judeus uma porção de terra como forma de indenização pelo genocídio praticado por Hitler.


Ocorre que a porção de terra historicamente habitada por palestinos e judeus, com predominância de antiguidade dos palestinos, embora guardem relíquias sagradas de ambos os povos, foi segundo a tirânica benevolência da ONU denominada “Estado de Israel”.


Resultado: os palestinos não aceitaram, pois se consideram por direito natural, dada a antiguidade de ocupação, legítimos possuidores.


Diante disso se estabeleceu uma guerra interminável, cuja premissa imposta ao Ocidente é tornar os palestinos “terroristas”, especialmente pelos EUA imbuídos de interesses econômicos e estratégicos sobre àquela região.  


Israel bastante desenvolvido e com enorme poderio militar isolou os palestinos na “Faixa de Gaza”, com intuito de unilateralmente demarcar o limite geográfico dos palestinos, cujo avanço das linhas territoriais será considerada invasão terrorista.


Nesta indigesta questão entre povos irmãos, o Presidente Lula apenas falou que o massacre promovido pelos israelenses na Faixa de Gaza, de forma cruel e aniquiladora, dizimando homens, mulheres, crianças e idosos sem dó ou piedade, como afirmou o próprio Netanyahu, representa conduta nada diferente daquela adotada por Hitler.


Um povo marcado pela dor e violência por motivos de intolerância étnica deveria mostrar ao mundo uma conduta mais reconciliadora, porém não é isto que temos observado.


A comparação foi muito mais para evidenciar a intensidade do ódio entre seres humanos, seus pares, do que macular a trágica lembrança do Holocausto.


Infelizmente a fala de Lula foi mal interpretada, embora quisesse apaziguar os ânimos lembrando erros do passado recente causados pela nefasta intolerância étnica, assim não foi entendido, preferiram à polarização, preservando mais uma vez condutas de ódio que se repetem no espaço-tempo de agora.


O que poderíamos esperar em épocas de extremos?


Devemos esperar e aguardar o tempo em que os extremos se tocarão e os paradoxos se reconciliarão. Ainda não é o momento.